A ciência como uma vela no escuro (Carl Sagan)

Nos séculos 18 e 19, as mentes de brilhantes pessoas transformaram o mundo que conhecemos. O mundo saia do antropocentrismo e misticismo para iniciar uma nova era baseada no método científico. O antropocentrismo recebeu três derradeiros golpes, o primeiro dado por Newton (que provou que não estamos no centro do universo), o segundo dado por Darwin (que provou que não somo criados por Deus e que somos como qualquer outro animal) e o último dado por Freud (que desmascarou nosso egocentrismo). Mesmo assim, muitos humanos preferem negar a ciência, os fatos e o método científico, para se agarrar ao misticismo, pseudociência e a fé religiosa. Este blog tem como objetivo, divulgar a ciência, falar sobre ateísmo e religião e instigar o senso crítico. Aqui a ciência será colocada como uma vela que foi acesa com o objetivo de afastar a escuridão.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Evolução dos cães


A milhares de anos atrás, junto com os primeiros assentamentos humanos (quando deixamos de ser caçadores/coletores para nos tornar agricultores), surgiram os primeiros cães. Na verdade eram lobos (Canis lupus) que viram no lixo humano (na época composto quase que totalmente por restos de alimentos como raízes, pão e mingau) uma oportunidade de fácil acesso aos alimentos.

No entanto, nosso amor por pão, batatas e por alimentos ricos em carboidratos, tornava este lixo uma fonte de alimento muito diferente do que os lobos estavam adaptados a digerir. E da mesma forma que esta alimentação moldou nossa evolução, estamos começando a entender como que este comportamento humano permitiu que uma nova espécie de canídeos surgisse, o nosso cão doméstico (Canis lupus familiaris).

Genealogia simplificada dos cães (figura adaptada de Casa Calado blog)


Um artigo publicado na revista Nature comparou o DNA de 12 lobos cinzentos com 60 cães (incluindo 14 raças diferentes) e descobriram que havia diferenças fundamentais que permitiram os lobos que conviviam com humanos digerissem os carboidratos muito mais facilmente. A presença de alterações em genes importantes para a digestão de amido e açúcar teria permitido que os lobos tirassem o máximo proveito dos restos de alimentos em assentamentos humanos, ajudando estes lobos a prosperar, mesmo com o abandono do estilo de vida de caçadores. Com o passar do tempo, o isolamento destes lobos domesticados em relação dos lobos selvagens, permitiu o surgimento de uma nova espécie, o nosso cão doméstico.

Mas o que é realmente interessante sobre este estudo não é necessariamente o estudo em si, mas sim as perguntas que ele cria. O próprio estudo sugere que a domesticação de cães era uma forma de seleção, na qual os lobos que já eram capazes de digerir os carboidratos foram capazes de sobreviver mais facilmente fora da vida selvagem e, consequentemente, tornaram-se domesticados. Enquanto outros cientistas sugerem que esses genes podem ter se modificado após a domesticação dos cães, devido a dieta rica em carboidratos. Então, mais ou menos como a questão de “o que veio primeiro o ovo ou a galinha?”, a ciência tem agora outra questão a ponderar, o que veio primeiro a domesticação ou a modificação nos genes?

Genealogia detalhada dos cães. Ilustração de Arthur Singer


Texto adaptado de Evolution

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